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      Objetos e materiais cotidianos de limpeza e higiene, em 'Setor terciário', aparecem como elementos estéticos, suportes e como o próprio trabalho. Um livro totalmente amarelo, para ser visto/lido com luvas de limpeza amarelas em um desvio para o amarelo, citando Cildo Meirelles. Um simulacro de espelho plástico e copos hiperrealistas se apresentam como reais, ao nos aproximarmos, os objetos se revelam como ilusões. O espectador não se vê no espelho de tela branca. Uma escultura em forma de pirâmide é feita de gelo falso, que assim como a divisão de classes no real só se propõe a horizontalidade, mas permanece como promessa. Uma paisagem fria, uma natureza morta com textura e camadas de cores com pano de limpeza e cobertor de mendigo. Outras duas paisagens, uma de palavras, de sacos de lixos pretos e azuis, tríade de colagem das paisagens do que é passado.O homem branco perde a identidade com papéis higiênicos que cobrem seu rosto e sua cara. Durante a exposição dos trabalhos, os artistas se colocam como performers, se colocam na mesma condição dos materiais, como agentes responsáveis em realizar o serviços que ninguém que fazer.

        Todos os trabalhos tocam o cotidiano das pessoas comuns e principalmente as que são do 'setor terciário'. Como na arte povera fatura está ligada a matéria pobre e descartável, indicando as relações entre os materiais de limpeza e o pensamento artístico sobre esses materiais no meio real. O gesto dos artistas em transportar e organizar esses objetos destes modos coloca em discussão outros modos de pensar a pintura e a instalação. No caso de 'Panos' e 'Desvio para o amarelo',de pensar também o ready made, desprezando as noções comuns à arte e à pintura histórica como estilo ou manufatura do objeto de arte e se refere primariamente à ideia e sua utilidade.

 

 

   'Setor terciário' permite pensar na fatura e no conteúdo, pois provoca movimentos e categorias da história da arte de maneira contemporânea, considerando os materiais domésticos que representam sua critica ao empobrecimento de uma sociedade guiada pelo acúmulo de posse e organizada em setores estabelecidos em todas as ordens sociais.

 

 

 

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Bruno Storni é bacharel em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP - São Paulo). Participou de diversas exposições no Brasil e Espanha. Foi premiado no 42º Anual de arte no Salão Cultural do Museu de Arte Brasileira (MAB) e Prêmio Residência – programa de exposições de 2011 do Centro Cultural São Paulo (CSSP).

Renato Maretti também é bacharel em Artes Plásticas FAAP. Participou de exposições no Brasil, Argentina e Espanha. Venceu o prêmio 2009 no 41º Anual de arte no Salão Cultural do Museu de Arte Brasileira (MAB).

SETOR TERCIÁRIO

Exposição de Bruno Storni e Renato Maretti

Fundação Cultural Badesc
Florianópolis/SC

abertura: 15/09/2016

visitação: 15//09 - 20/10/2016

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